quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ações. Investir em ações é arriscado? Parte I

O mundo está precisando de mais energia e menos Co2.

Cabe Lembrar que o conteúdo postado é uma proposta de reflexão sobre um assunto que, ultimamente, tem sido muito comentado em todos os setores do país. Não se trata portanto, de uma recomendação de investimentos, mesmo porque cada um tem sua necessidade particular de investimentos e não dá para generalizar. Não é uma receita de bolo, mas pode contribuir com os leitores nas decisões sobre este tipo de investimento. Este é o objetivo.

Compartilhando experiências e vivências.

O momento não poderia ser mais interessante e, talvez mais polêmico, para uma discussão como esta. Veremos!

Mitos a parte, é consenso entre especialistas de mercado acionista que o momento atual que passam as bolsas de todo o mundo, ainda com reflexos da crise que se instalou na zona do Euro, hoje Grécia, amanhã Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, não se sabe ao certo, é um movimento atípico, embora de difícil solução no curto prazo, extremamente volátil e poucos se arriscam a dar um prognóstico quanto à duração, quanto à magnitude e sua abrangência. Mais recentemente, o mundo Árabe (Primavera Árabe): Egito,Síria, Líbia, Síria, possibilidades de uma intervenção militar..... preço do barril de petróleo frequentemente visitando a barreira dos USD 100,00, o dólar se valorizando no mundo todo e, em especial nos países em desenvolvimento.
A crise é lá fora, mas respinga na Bolsa brasileira por diversas razões; entre elas a própria globalização, que interliga os mercados de vários países, a presença de estrangeiros na Bovespa, a presença de empresas transnacionais na Bolsa, etc.
O Brasil também precisa fazer sua lição de casa: controlar a inflação, investir em infraestrutura, diminuir o tamanho do Estado na Economia, gastar menos e melhor, ou seja: ouvir o clamor das ruas!!!

Prá começar, invista na sua própria saúde; isso já diminui qualquer risco.

Mas prá começar sobre o assunto em si, uma coisa é certa: toda notícia que está na mídia, ou é exageradamente pessimista ou exageradamente otimista. E mais importante ainda, é saber que quando a notícia sai nos jornais, na TV, na Internet, o fato, positivo ou negativo, já ocorreu. Portanto tarde demais para tomarmos uma decisão sobre investimentos baseada no noticiário corrente.

Mas e os riscos? É de fato arriscado investir em ações? Que atividades humanas têm riscos? Dirigir nas grandes cidades brasileiras? Andar a pé nas ruas de São Paulo e do Rio? Surfar? Viajar de avião? Passar férias na praia ou nas montanhas?
Parece que todas as nossas atividades têm riscos; umas mais outras menos. Alguns riscos são conhecidos e mensurados, outros ainda não.
Vejamos um exemplo simples e real: embora em ambos os casos abaixo possam ocorrer um acidente, qual motorista corre maior risco no trânsito: aquele que acabou de tirar carta ou aquele com 10 anos de experiência, que acabou de fazer um curso sobre Direção defensiva?

No que se refere a investimentos em ações (renda variável), os profissionais da área costumam dizer que, este tipo de investimento é mais arriscado que renda fixa (que também é variável, porém, com menor frequência e amplitude). Concordo até um certo ponto.

No entanto há várias outros fatores a serem considerados, que afetam diretamente o grau de risco em qualquer investimento.
O principal deles, é que, quanto maior o conhecimento sobre o assunto, menor é o risco. Se não entendemos nada sobre o mercado de ações e, não temos tempo e disponibilidade para aprender, então restam duas opções: contratar profissionais competentes para esta tarefa ou, procurarmos outro tipo de investimentos que possamos entender.
A decisão de investir e no que investir depende ainda de uma série de respostas:
Qual a finalidade do investimento? Aumentar a renda atual, plano de aposentadoria, poupar, poupar para uma aquisição (carro, casa própria, viagem), etc.
Por quanto tempo será o investimento? Em quanto tempo pretende-se obter os ganhos?
Qual a disponibilidade para investir? $$$$$
Quanto aos limites: Até quanto eu posso perder sem comprometer minhas economias? Até quanto quero ou preciso ganhar, que me dou por satisfeito? É o que os especialistas chamam de stop loss, stop gain.
Coração: Qual é a sua aversão a riscos?
Na Internet, tem vários sites com testes para definir seu perfil de investidor: conservador, moderado, agressivo ou arrojado.
Quanto ao prazo: não é consenso no entanto, a maioria dos especialistas concorda que investimentos em ações, deve ser uma estratégia de longo prazo: 5, 10 anos ou mais. Isso não se aplica para investidores da geração Y; eles querem ganhar e querem agora! Nada contra, mas é preciso munir-se de conhecimentos específicos para esta estratégia. Atualmente, são mais de 500 mil investidores pessoa-física na Bovespa. Isto é bom: quanto maior esse número, menor tende a ser a volatilidade da bolsa.

Quanto ao perfil:

Existem aqueles investidores que compram papeis (ações) por um preço baixo e vendem quando estiver alto. O difícil é saber: que papel está com preço baixo e quão baixo (P/L da ação, P/L médio do setor: quanto mais baixo, mais barato, etc); e quando ele estará alto e quão alto. Para estes investidores, o prazo não é relevante, desde que seja curto! Esse perfil requer conhecimento de pelo menos alguns mecanismos do mercado. Nunca houve tanta variedade de cursos disponíveis sobre o assunto: Como investir em ações. São quase todos, cursos de Análise técnica e Análise Gráfica (Candle stick, etc). Se este é seu perfil, então faça um curso, seja um Homebroker ou trabalhe com fundos e bancos de 1ª linha.

Outros investidores ou candidatos a investidor têm um pensamento um pouco diferente: eles querem se tornar sócios de um negócio, portanto, de uma empresa. Uma estratégia de longo prazo. Veja algumas características deste perfil de investidor:
Prefere investir em empresas cuja atividade é de fácil compreensão e necessária à população: alimentação, energia, bens de consumo, etc.
O investidor deve ter conhecimento sobre o negócio e sobre o setor em que a empresa atua; também sobre a própria empresa. Se possível, procurar conhecer as pessoas que trabalham na empresa.
A empresa está no mercado por muito tempo? Seus resultados tem sido consistentes? Como a empresa trata seus stakeholders: funcionários, Clientes, fornecedores? As pessoas que trabalham na empresa são íntegras? Como é o histórico da empresa? A empresa paga dividendos? Qual o comprometimento com o meio-ambiente?
Este investidor tem um razoável conhecimento macroeconômico. Procura ações de empresas promissoras, não ações baratas necessariamente; é o caso do investidor Warren Buffett. A palavra-chave é: sócio. Se esse é seu perfil, pense no longo prazo. Pense macro.

Botton line: quanto maior o conhecimento e quanto mais longo o prazo para investimentos em ações, menor o risco.

IPO (Oferta inicial de compra; voltou à moda.)

Não poderia deixar de mencionar, um assunto tão comentado hoje no mercado acionista brasileiro.

São empresas existentes que querem ter ações na Bolsa ou, empresas que ainda não existem e querem começar suas atividades ingressando na bolsa.

As maiores dúvidas residem naquelas empresas que ingressarão na Bolsa a partir do zero.
Vantagens: geralmente são bem planejadas e planejadas com boa antecedência; não têm vícios corporativos porque estão começando do zero: seu idealizador é o sócio majoritário e portanto tem grande poder sobre os acionistas; a futura empresa passa por vários processos de aprovação e sabatinas, pelos órgãos competentes antes de obter sua aprovação, faz várias apresentações aos grandes investidores nacionais e estrangeiros (roadshows) antes do seu lançamento. É como se tivessem uma aceitação prévia.
Desvantagens: basicamente, é a inexistência de um histórico que possa ser feito algum tipo de comparativo.

Algumas considerações sobre investimentos:

Hoje (31/08/13) no Brasil, com taxa Selic de 9,0% a.a. (desde 28/08/13), a relação entre dinheiro gasto e dinheiro investido (aplicando-se na renda-fixa) é aproximadamente: para cada R$ 1,00 gasto, R$ 168,90 devem ser aplicados, já descontado o I.R.
O preço de um ação não é 100% racional; parte dele é emocional, quer por um otimismo exagerado, quer por pessimismo exagerado. Difícil é saber quanto do preço é emocional.

Ano eleitoral. Há um movimento típico de compras de dólares mais próximo das eleições (aumento da taxa de câmbio, portanto) e, dois ou três meses depois das eleições, o movimento inverso (queda). As ações tendem a ter um comportamento inverso.

Índice Bovespa, ou Ibovespa, e taxa Selic, nos últimos anos (no final da cada ano):

2005 – 32.255 e Selic 18,00% (Pico da taxa Selic: 19,75 em agosto)
2006 – 48.071 e Selic 13,50%
2007 – 63.886 e Selic 11,25%
2008 – 37.550 e Selic 13,75%
2009 – 68.588 e Selic 08,75%
2010 – 69.304 e Selic 11,25%
2011 - 56.754 e Selic 11,00%
2012 - 60.652 e Selic 07,75%
2013 - 51.507 e Selic 19,00%
2014 - 51.806 e selic 11,00% (3/6/14)

Ações da Petrobrás (PETR4) e da Vale (VALE5) são as mais negociadas na Bovespa, portanto consideradas, as mais líquidas.
As 5 ações mais negociadas na Bovespa representam em média, entre 30% a 50% do total das ações negociadas no pregão.

É unânime entre os especialistas que, o motor do crescimento do mercado brasileiro é o consumo interno. Eu acrescentaria infraestrutura e energia.

As grandes empresas listadas na Bolsa são empresas de commodities (matérias-primas). Os preços das commodities são influenciados tanto pela demanda interna como externa; principalmente da China e Índia.

Uma boa parcela das ações da Bovespa (aprox. 1/3) está nas mãos de investidores estrangeiros, que entram e saem da bolsa, ao sabor das boas e más notícias globais (e também da concorrência com a renda-fixa mais atrativa com menor risco), antes mesmo que estas cheguem aos nossos lares. Eles, na sua maioria preferem ações ordinárias, com direito a voto.

Ações de empresas de energia, como de energia elétrica, são consideradas defensivas; seu valor depende muito mais de decisões políticas, de reajustes de tarifas, do que das nuances do mercado. São empresas que costumam pagar bons dividendos.Com a inflação crescente, tornam-se ainda mais atrativas, devido ao aumento das tarifas.

Ao contrário, empresas de varejo sofrem com a inflação que funciona como um inibidor de consumo.

Atenção: algumas vezes, ações de uma empresa estão baratas porque esta, está com dificuldades financeiras ou de gestão.

Recomendações de analistas.
Os analistas, ao publicarem suas recomendações, não levam em conta o perfil do investidor, mesmo porque seria impossível. Sempre verifique se a recomendação em questão enquadra-se ao seu perfil de investidor quanto à: riscos, prazos e valores.
Por enquanto, é isto. Boa decisão e boa sorte!

Até breve
Ricardo Foster

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